CAPACITISMO: O que é? E Como Combater?

Vou aproveitar que escrevi sobre a história das paralimpíadas, sobre a participação brasileira e sobre o legado deixado por um evento de proporção mundial, para falar sobre o Capacitismo.

A ideia é usar este momento de visibilidade dos paratletas de todo o mundo para discernirmos sobre o tema. Avaliando o quanto já evoluímos, quais os desafios ainda temos pela frente e como podemos continuar lutando por um mundo mais inclusivo e integrado para todos.

Então, vamos começar. Mas, o que é Capacitismo?

Capacitismo não é só o preconceito e a discriminação contra pessoas com deficiência. É também uma forma de opressão que se manifesta tanto em atitudes explícitas quanto em comportamentos sutis, perpetuando a ideia de que pessoas com deficiência são inferiores ou menos capazes do que as pessoas sem deficiência.

Imagem: Ilustração com as cores do arco-íris ao fundo e muitas pessoas reunidas em posição de protesto, com destaque de pessoas com deficiência à frente e com a frase “Não ao Capacitismo” no topo da ilustração.

Compreendendo e Combatendo o Capacitismo

O capacitismo pode se manifestar em frases cotidianas, por exemplo. Muitas vezes ditas sem maldade, mas que carregam preconceitos profundos. Alguns exemplos:

  • Nossa, você é tão inspirador por sair de casa!” – Esta frase, embora aparentemente elogiosa, assume que uma pessoa com deficiência não teria capacidade ou motivação para realizar atividades simples do dia a dia.
  • Nem parece que você tem uma deficiência!” – Aqui, a intenção pode ser a de fazer um elogio, mas o que se comunica é que a deficiência é algo negativo, que deve ser disfarçado ou superado.
  • Eu jamais conseguiria viver assim.” – Esse tipo de comentário sugere que a vida de uma pessoa com deficiência é insuportável, reforçando estigmas e diminuindo sua experiência de vida.

Comportamentos que Precisam Mudar

Além das palavras, o capacitismo também está presente em atitudes que desconsideram as necessidades e a dignidade das pessoas com deficiência. 

  • Subestimação de capacidades: Assumir que uma pessoa com deficiência não pode realizar determinada tarefa sem antes verificar suas habilidades ou sem oferecer apoio adequado.
  • Exclusão social: Ignorar ou evitar o convívio com pessoas com deficiência em eventos sociais ou atividades diárias, reforçando o isolamento.
  • Infantilização: Tratar pessoas com deficiência como se fossem crianças, mesmo que sejam adultas plenamente capazes de tomar suas próprias decisões.

Vemos atitudes como essas constantemente, mas precisamos tratar, também, como falta de respeito.

Quando o Preconceito é Internalizado

Infelizmente, o capacitismo faz parte da história da nossa sociedade que por muitos anos excluiu ou colocou a margem muitas pessoas com deficiência. E isso é um fato que ainda hoje faz com que muitas pessoas com algum tipo de deficiência tenham dificuldades com sua auto aceitação. Levando a sentimentos de inadequação, vergonha ou inferioridade. Isso pode se manifestar de várias formas:

  • Autocensura: Evitar pedir ajuda ou exigir direitos por medo de ser um incômodo.
  • Baixa autoestima: Acreditar que não se é digno de oportunidades iguais por causa da deficiência.
  • Negação da própria identidade: Tentar esconder a deficiência ou negar suas necessidades para se adequar às expectativas capacitistas da sociedade.

Como Combater o Capacitismo?

Para combater o capacitismo, é necessário um esforço coletivo para mudar atitudes, palavras e políticas. Isso inclui:

  • Educação e conscientização: Promover o entendimento sobre o que é capacitismo e como ele se manifesta, tanto em espaços públicos quanto privados.
  • Inclusão ativa: Garantir que pessoas com deficiência tenham as mesmas oportunidades de participação em todas as áreas da vida, desde o trabalho até o lazer.
  • Apoio e empoderamento: Fortalecer as vozes e a autonomia das pessoas com deficiência, incentivando-as a expressar suas necessidades e lutar por seus direitos.

Vale ressaltar que o Capacitismo é crime. Definido pela LBI (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência) como crime de ódio e prevê punição para quem o praticar.

A Visibilidade dos Paratletas e o Combate ao Capacitismo

A visibilidade dos paratletas em eventos internacionais é uma oportunidade poderosa para desafiar e desconstruir o capacitismo.

Ao celebrarmos as conquistas desses atletas, não estamos apenas reconhecendo suas habilidades excepcionais, mas também desconstruindo a ideia de que a deficiência define o valor ou a capacidade de uma pessoa.

No entanto, é importante lembrar que a superação de barreiras não deve ser vista como uma obrigação ou uma prova de valor. Pessoas com deficiência não precisam ser “inspiradoras” para merecer respeito e inclusão; merecem isso simplesmente porque são seres humanos com direitos.

A luta contra o capacitismo é uma jornada contínua, e cada passo em direção à inclusão é um passo em direção a uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Ao usar a visibilidade dos paratletas como uma plataforma para discutir essas questões, podemos avançar na construção de um mundo onde todas as pessoas sejam valorizadas por quem são, e não pela forma como são percebidas.

NÃO AO CAPACITISMO!

Essa luta é de todos.

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